terça-feira, 8 de novembro de 2016

Um Brasil Dutertiano

Um Brasil Dutertiano é mais possível do que nunca

por Francy Lisboa
A quantidade de ignorância que destila da boca dos salvadores e entendedores da ameaça comunista vem rompendo barragens, deixando escapar e sumir na perplexidade até mesmo anos de compadrio.  
A pergunta que surge da reflexão sobre a fila de absurdos que escutamos, por exemplo, contra estudantes lutando pelo direito de ter educação, é: como se daria a materialização dos desejos e devaneios da retórica prevalecente?  
Na competição por recursos vemos que as ervas que se alimentam da retórica rasteira das redes sociais para solidificar posicionamentos políticos estão vencendo, porém, seus desejos sombrios são contrabalançados pelo medo, ainda que menor atualmente, de um inferno cristão.  
Atualmente, o laboratório mundial para as falhas humanas como seres dotados de empatia chama-se Filipinas. 
Sob a tutela de Rodrigo Duterte, a pequena ilha vem implementando a política de olho por olho dente por dente tão defendida pela massa ignara brasileira. 
Esquadrões da morte formalmente reconhecidos pelo governo, assim como uma política de delação de traficantes e usuários ao estilo “mate um traficante e/ou usuário e receba por isso”, ganharam ressonância. Contudo, de nada parece adiantar as moções de repúdios das Nações Unidas. Duterte está determinado a “limpar” a imoralidade daquele país.
No Brasil, a atribuição da defesa contra procedimentos “dutertianos”  à esquerda mostra que não é exagero dizer que estamos doentes, e que há de se aumentar o estoque de enxofre caso a construção metafórica do inferno seja realidade. 
De certo, a retorica do presidente Filipino arrebanharia as pessoas de bem do Brasil. Podem imaginar o Brasil como um novo laboratório dutertiano?
Não há prova maior de subdesenvolvimento de uma nação quando os patrícios em sua maioria se regozijam com a punição na mesma altura, com o desejo de sangue, e a indiferença. 
Nas mesas das famílias brasileiras, das mais humildades e menos instruídas até aquelas onde sentam os vencedores, o bandido bom bandido morto é a guarnição que parece estar sendo servida em alguma tratoria medieval.
Não há dúvidas que o Brasil quer se tornar Filipinas, quer ver e dançar ao redor de corpos pecadores. 
A esquerda tem uma batalha hercúlea pela frente. Os efeitos do tamponamento feito por Lula, baseados na droga efêmera do consumo, esvaíram-se. 
O lobo, ou melhor, o Duterte de cada brasileiro pode enfim expor seu quadro de sintomas: Vai pra Cuba! Dória, Crivela, Chora petralha! Estudantes vagabundos! E lá vai marola.
Um Brasil aos moldes das Filipinas de Duterte é mais próximo do que nunca, basta para isso encontrar justificativa cristã robusta para abonar o sorriso com o sofrimento do semelhante. 
Estamos quase lá!
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Via Jornalggn