EDITORIAL 
Para o dia 4 de dezembro, a nova direita está organizando mobilizações em todo o país. Mesmo com divergências entre si, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua estão convocando seus adeptos para protestar contra as tentativas de burlar a aprovação do pacote de dez medidas contra a corrupção proposto pelo Ministério Público.
O alvo da nova direita agora é o Congresso Nacional. Temos convicção de que o Congresso é uma casa de corruptos, mas não temos qualquer ponto em comum com os aliados de Moro e do Poder Judiciário. O protesto do dia 4 de dezembro é contra os trabalhadores, a juventude e a grande maioria do povo.
Neste editorial, apresentamos quatro motivos para não ir às ruas neste domingo:
1) Esta mobilização é articulada e manipulada pela direita 
Esta mobilização não é independente, nem espontânea. Articulada pela direita, estas mobilizações contam com financiamento de empresários e também com o apoio da grande imprensa.
O verdadeiro objetivo desses grupos não é lutar contra a corrupção, mas defender os interesses econômicos e políticos de quem os financiam. Quem financia o MBL é a Industria Koch, a segunda maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos depois da Cargill.
A grande mídia não esconde a simpatia. A Veja está convocando abertamente a mobilização.
As relações políticas com partidos da direita tradicional, que antes eram firmemente negadas pelos líderes do MBL ficaram explícitas nas eleições municipais. O movimento lançou 45 candidatos a vereador e um candidato a prefeito. PSDB e DEM foram as principais legendas utilizadas, mas o MBL também lançou candidatos pelo PP, PSC, Partido Novo, PEN, PHS, PMDB, PPS, PRB, PROS, PSB, PTB, PTN, PV e SD. Além disso, foram estreitos aliados de Eduardo Cunha na articulação do golpe institucional.
A estimativa é que deva cerca de R$ 5 milhões a trabalhadores e fornecedores, ou seja, deu calote e é acusado de fraudes fiscais e muitas outras ações ilícitas. Não reconhecemos nenhuma autoridade nas lideranças do MBL para enfrentar a corrupção no Brasil, pelo contrário, são parte do esquema de corrupção com suas relações promíscuas com grandes empresários.

"Clique na imagem para saber o que a mídia não diz sobre Rogério Chequer"
Também é importante olhar mais de perto para o ‘Vem pra Rua’. Seu principal idealizador e líder político é o empresário Rogério Chequer. Suas relações com o imperialismo norte americano são evidentes. Chequer consta na lista da empresa Global Stratfot. As ligações foram denunciadas pelo Wikileaks. Esta empresa foi acusada de envolvimento em golpes de estado em vários países.
Portanto, basta ver as íntimas relações que esses movimentos têm com empresários e com a direita tradicional para saber que seu interesse não é lutar contra a corrupção.
2) São defensores do ajuste fiscal
Todos esses grupos são defensores do ajuste fiscal e da PEC 55. Tentaram com violência física desocupar as escolas e desarticular as lutas dos estudantes na defesa da educação pública.
Querem colocar a luta contra a corrupção no centro do debate nacional, enquanto o ajuste fiscal e a mudança na constituição brasileira é aprovada a toque de caixa. Para isso, têm aliados poderosos. Além do poder judiciário e suas grande operações, contam com a cobertura da grande mídia, que repete esta ideia todos os dias.
Além disso, esses movimentos defendem as reformas Trabalhista e da Previdência. Estão favoráveis a que os trabalhadores e os mais pobres paguem a conta da crise econômica, enquanto os interesses do grande capital que representam ficam intocados.
3) Estimulam o preconceito
As manifestações de machismo, racismo e homofobia são recorrentes neste tipo de protesto. Foi assim nas mobilizações de março e agosto de 2015. Apesar do Brasil ser um país de maioria negra, os milhões que a direita levou para a rua eram quase todos brancos.
O discurso de ódio propagandeado por esses setores atinge em cheio os oprimidos. A violência contra as LGBTs, principalmente nas ruas, tem aumentado e o Brasil vergonhosamente é um dos países com maiores índices de morte motivadas pela LGBTfobia.
Políticos como Bolsonaro, que em geral têm muito espaço e direito à fala nesses protestos, defendem e apoiam os projetos mais conservadores em relação aos direitos das mulheres: são contra a descriminalização do aborto, combatem a Lei Maria da Penha e muitas vezes fazem apologia à violência.
4) São contra as liberdades democráticas
Nesses protestos, setores da extrema direita que defendem a intervenção militar participam normalmente com suas faixas e bandeiras. Felizmente, eles não são maioria, mas deve nos chamar atenção que sejam recebidos sem reprovação do coletivo e principalmente da organização do ato.
O MBL e o Vem pra Rua se dizem defensores da democracia, mas são totalmente coniventes com setores que querem a volta da ditadura militar. Isso é um completo absurdo.

A extrema direita deve ser combatida de frente. Não defendemos a liberdade para aqueles que querem se organizar em defesa de um regime totalitário que utilize a força para massacrar os dissidentes.

Via Esquerdaonline (Inserção de imagens: Blog Frasista)