Os Propósitos das Ditas Informações Falsas | ...dos Bilionários Neofascistas, Necropolítica e o Caos Informacional
por Jéferson Silveira Dantas(¹)
O historiador britânico Eric Hobsbawm (1917-2012) vaticinou, no
início dos anos 2000, que a democracia liberal estava em franco declínio, representando,
possivelmente, a última fronteira civilizatória de um sistema de produção
(capitalismo) incapaz de resolver situações de desigualdade social e/ou de
imensa concentração de riqueza.
Na obra Globalização, democracia e terrorismo (2007), Hobsbawm
assinala que a principal contribuição epistêmica dos historiadores seria
relembrar o que as pessoas esqueceram ou querem esquecer.
Em outras palavras e, na atual conjuntura histórica que vivemos, o
apagamento da memória social é um projeto político deliberado de
megaempresários nutridos pelo ideário neoliberal/neofascista, que flertam com a
necropolítica, haja vista os hórridos acontecimentos envolvendo dirigentes de
países centrais do capitalismo que acenam para o assassinato de centenas de
milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica,
verdadeiros crimes de lesa-humanidade, sem qualquer represália ou limites
minimamente civilizadores.
Em síntese, o terrorismo e o genocídio – duas faces da mesma moeda
em países vinculados às práticas neofascistas/neoliberais – têm sido
realizados, inclusive, por Estados-Nação, vide a situação entre Israel e a
Palestina e os crimes sistemáticos ocorridos na Faixa de Gaza por parte do
governo de Benjamin Netanyahu.
O superbilionário sul-africano, Elon Musk, por exemplo, vale
relembrar, recentemente, por meio da plataforma que lhe pertence (‘X’, o antigo
Twitter), decidiu atacar um magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF)
brasileiro, em franca campanha na companhia do presidente e economista
ultradireitista argentino, Javier Milei. Tudo isso, porque Alexandre de Moraes
do STF fez recomendações severas contra as fake news, uma estratégia adotada
por megaempresários neofascistas para promover todo tipo de caos informacional.
Quanto mais tempo os usuários ficam conectados mais as plataformas
das Big Techs (Google, YouTube, Facebook, Instagram, ‘X’) lucram, capturando os
dados dos usuários e mantendo a atenção dos mesmos com informações falsas, sem
qualquer baliza ou regulamentação.
Em países como o Brasil onde a regulamentação das Big Techs parece
se encaminhar para as calendas gregas, empresários biltres como Musk promovem
toda a sorte de ações pró-golpistas, como a ocorrida na Bolívia, tendo em vista
os interesses do diretor-executivo da Tesla no lítio, principal matéria-prima
para a recarga de baterias de automóveis elétricos, mineral abundante na
Bolívia. O Brasil é o 7º produtor desse mineral no mundo.
Ora, os bilionários ao redor do mundo detêm mais de 12% do PIB
mundial. Não estão preocupados com marcos civilizatórios ou democráticos,
especialmente aqueles bilionários do Vale do Silício. Desgostam de limites,
pois são narcísicos! Vislumbram um mundo que possa espelhar os seus interesses
hedonistas, já que não respeitam regras, leis ou regulamentações de países que
consideram o quintal de suas suntuosas casas.
É aí que se instala a necropolítica.
Os sobrantes (miseráveis), os ‘desviantes’, os/as que discordam do
ideário neoliberal de face autoritária, vão sendo combatidos um a um a partir
de uma racionalidade individual, dissociada dos acontecimentos históricos, sem
debates, sem luta de classes. O capitalismo-imperialismo se reproduz e avança,
assim, na destruição sistemática do que resta de democracia nos países periféricos
do capital.
Diante da ausência de utopias revolucionárias e de uma esquerda
titubeante, o capital educa e direciona o que lhe convém, fortalecendo a
hegemonia das classes dirigentes. Logo, não estão dispostos ao diálogo. Se for
necessário, eliminam os recalcitrantes sem piedade!
A horda de bilionários antidemocráticos se comporta como um governo
transnacional, violando legislações locais, abraçados em frações de classe
neofascistas, que no Brasil estão representados no Congresso Nacional pelas bancadas
da bala, do agronegócio e da bíblia, dos neopentecostais associados à Teologia
do Domínio/da Prosperidade.
São tempos difíceis para a humanidade. E não há outra saída senão o
combate à barbárie que se consolida a cada dia!
(...)