Política | A Pergunta é: O Que Eduardo Leite Faz Aqui?
Por Moisés Mendes(¹)
O que estou fazendo aqui?
Esta foto de Gabriela Biló, da Folhapress, publicada na Folha
online nessa quarta-feira, poderia ter dezenas de legendas. Gabriela flagrou Marina
Silva e Eduardo Leite na cerimônia pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, em
Brasília.
Marina acena para alguém, enquanto Leite larga a mão esquerda no
ombro dela. Há assimetria em tudo. A ministra do Meio Ambiente está de costas
para o governador, que parece buscar um ponto de fuga.
O que Leite estava fazendo ali naquela cerimônia? A foto denuncia:
estava perdido. Não há nada que indique convergência na imagem. Nada que,
apesar da mão no ombro, passe alguma intimidade ou cumplicidade.
Eduardo Leite é o governador do Estado destruído por uma catástrofe
climática única, sem exemplo no mundo com essa extensão. Foi ele quem causou o
desastre? Não. São homens que pensam como ele em toda parte.
Não são negacionistas, como alguns os identificam, inclusive
Marina. São figuras privadas ou públicas que desprezam o meio ambiente,
geralmente em nome de interesses econômicos poderosos. Leite destruiu a
legislação ambiental gaúcha em 2019, no primeiro ano do seu primeiro governo.
Tudo o que faz anda em desacordo com quase tudo que diz. Não se
preparou para a enchente do ano passado e não adotou nenhuma medida de
prevenção contra o que os cientistas anunciavam que se repetiria.
Não há no seu governo um gesto, um só, na direção contrária à da
destruição. Não há nada pela proteção ambiental. Seu programa de governo não
tem nenhuma referência ao meio ambiente.
Essa semana, Leite fez uma cerimônia no Palácio Piratini para
anunciar que uma agência holandesa irá coordenar um plano de prevenção para as
bacias hidrográficas do Estado.
Bajulou os holandeses para desprezar grupos de cientistas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que já atuam em várias
frentes de estudos sobre o enfrentamento das cheias e ofereceram seus serviços
ao Estado.
E foi a Brasília para aparecer na foto com Marina e pedir que Lula
pague os salários de empregados de empresas prejudicadas pelas cheias.
Leite não tem uma fala, uma frase, não tem nada que o habilite a
estar em eventos como esse do Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas estava lá,
tentando afagar Marina, com uma proximidade cenográfica, porque nada os
aproxima.
Eduardo Leite é um desastre político do tamanho da catástrofe que
destruiu cidades gaúchas. É um sujeito fora do lugar, estando em Porto Alegre
ou em Brasília.
(...)