Sem Cartão Corporativo... | Fracassa o Sete de Setembro da Extrema Direita na Paulista em São Paulo!
Por Moisés Mendes(¹)
É provável que o bolsonarismo raiz sob o controle de Bolsonaro não exista mais em pouco tempo.
A primeira cerimônia de preparação do sepultamento da
extrema direita foi comandada por Malafaia neste último dia Sete de Setembro na Avenida
Paulista.
O fascismo que mostrou a cara em 2018 não tem mais a mesma força, apesar
do aparente aumento na modulação da radicalidade nos ataques ao Supremo e a
Alexandre de Moraes.
O bolsonarismo chorão é repetitivo e cada vez mais uma aglomeração de tios
e tias do zap que ouvem sempre a mesma ladainha. O fascismo pretensamente
religioso e bíblico ficou antigo e está moribundo e sem ativismo de rua.
A extrema direita sob a liderança de Bolsonaro não começa a morrer apenas
porque o ato foi o maior fracasso de gente com a camiseta amarela desde a
goleada sofrida pela Seleção no 7 a 1 contra Alemanha em 2014.
Os drones mostravam que pouco mais de dois quarteirões da Paulista foram
ocupados. O jornalista Fabrício Rinaldi, do DCM, que acompanhou e filmou o
ato, está certo de que o ajuntamento foi um fiasco.
O Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, calculou um público
médio em torno de 40 mil pessoas. Os organizadores esperavam cinco vezes mais.
O bolsonarismo sob comando de Bolsonaro não atrai mais gente por não ter
mais o que dizer além de pedir anistia para os golpistas e o impeachment de
Moraes. E isso é cansativo e enganoso, porque eles só aumentaram o volume da
antiga retórica golpista.
Malafaia e Bolsonaro estão exaustos e cansaram também os bolsonaristas do
segundo time da extrema direita, empurrados para o caminhão de som para que
tentassem ter um protagonismo que não conseguem sustentar.
Nikolas Ferreira, Magno Malta, o senador astronauta, Eduardo Bolsonaro,
Mario Frias, Ricardo Salles, Marcos do Val e Gustavo Gayer, alguns calados, não
têm folego para levar adiante o grito de guerra contra Moraes.
Tanto que Gayer resumiu o impasse que enfrentam ao admitir que não contam
com apoio mínimo para o pedido de impeachment do ministro. Gayer ameaçou
transformar a vida dos senadores vacilantes num inferno.
Bolsonaro citou obras, fez um discurso circular, falou até, acreditem, do
DPVAT, e só ao final cutucou
Moraes.
Coisa que Tarcísio de Freitas, também um citador de obras, mais cuidadoso,
negou-se a fazer.
Uma gripe em cima da hora pode ter sido a boa desculpa para a fragilidade
de Bolsonaro. Mas o sujeito não convenceu que tenha vitalidade para seguir em
frente, nem quando pediu que o Senado coloque um freio em Moraes, “esse
ditador”.
Malafaia apareceu sem o vigor da primeira manifestação de fevereiro. E o
resto está sem parceiros decididos no Congresso e agora sem a mesma claque de
tios, nem na Paulista.
Moraes é tirânico, Lula é ladrão, Rodrigo Pacheco é frouxo e, segundo
eles, a Folha de S. Paulo é agora aliada do grito por liberdade e anistia do
bolsonarismo e do gangsterismo mundial.
A Paulista testemunhou algo inédito. Nunca antes um jornal havia sido
citado por um extremista de forma elogiosa, em ato público, como fez o pastor
da Assembleia de Deus.
Malafaia disse estar certo de que Elon Musk e a Folha “estão mostrando a
materialidade dos crimes de Alexandre de Moraes”. O jornal de Glenn Greenwald
foi citado por ele por duas vezes.
Pablo Marçal esteve na Paulista, mas ficou pelos cantinhos. Só ele, como
voz do novo bolsonarismo de boné e sapatinho sem meia, pode assegurar sobrevida
à extrema direita ainda sob Bolsonaro, que nem Malafaia está conseguindo
salvar.
O próximo ato do fascismo talvez seja convocado não mais pelo cansado
Malafaia, mas pelo sujeito que o prefeito Ricardo Nunes identifica como
tchutchuca do PCC.
Poderemos ter a primeira grande aglomeração de gente de amarelo
patrocinada pelo crime organizado, sem intermediários.
(...)